CCJ aprova relatório sobre emendas de Plenário à reforma da Previdência
10 de Outubro de 2019
No dia 01, terça-feira, por 17 votos a 9, os
integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovaram, o relatório
do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) às emendas apresentadas em Plenário para
modificar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019. Pelo acordo firmado entre os líderes, o
texto segue para votação em primeiro turno no Plenário do Senado, o que deve
ocorrer ainda nesta terça.
Partidos da oposição pediram votação destacada de
seis emendas, como a que mantinha o direito dos trabalhadores que recebem até
dois salários mínimos mensais de continuar sendo beneficiado com o abono
salarial uma vez por ano, mas todos os destaques foram derrotados ou retirados.
O senador Paulo Paim (PT-RS) chegou a apresentar um
voto em separado, um texto alternativo com alterações mais significativas na
própria PEC 6/2019, o que obrigaria o retorno da proposição à Câmara dos
Deputados. No entanto, ele nem chegou a ser analisado pelos senadores, foi
apenas lido por Paim.
Mudança
Em relação ao texto do relatório apresentado por Tasso na
última reunião, houve uma alteração. A única emenda que o relator havia acatado
— para eliminar um dispositivo e não prejudicar o acesso à aposentadoria
integral de quem recebe vantagens que variam de acordo com o desempenho no
serviço público — de supressiva tornou-se de redação.
A nova redação sugerida pelo senador Rodrigo
Pacheco (DEM-MG) e acatada por Tasso foi negociada até mesmo com o Ministério
da Economia e representantes de servidores públicos interessados, para permitir
que esses funcionários remunerados com gratificações por desempenho — que já
estavam no serviço público até o fim de 2003 — consigam levar para a
aposentadoria integral o salário baseado nesse extra.
O texto da PEC 6/2019 encaminhado pelo Executivo
ampliava dos atuais cinco para dez anos o mínimo de tempo que o servidor
deveria receber a gratificação para conseguir leva-la para a aposentadoria. A
alteração feita na Câmara passou a exigir 30 anos para mulheres e 35 para
homens. A emenda de redação atenua essa regra para os poucos servidores
estaduais que estão nestas condições. Rodrigo Pacheco lembrou ser essencial que
a PEC paralela (PEC 133/2019, com adendos à PEC principal) retome
o texto original do Executivo.
— Há outro compromisso do governo que eu quero deixar
claro e público, que é em relação à PEC paralela, se colocar o texto que foi
proposto originalmente pelo governo federal na reforma da Previdência — lembrou
Rodrigo.
Discursos
O texto da PEC 6/2019 foi bastante criticado pelos
senadores da oposição. Para eles, a reforma da Previdência prejudica os
trabalhadores mais pobres do Brasil, que já é um dos países mais desiguais do
mundo.
— Temos que deixar claro que o trabalhador de baixa
renda está sendo, sim, atingido — disse o senador Weverton (PDT-MA).
Segundo os senadores Paulo Paim e Fabiano Contarato
(Rede-ES), as mulheres serão especialmente sacrificadas, pois precisarão
trabalhar até os 62 anos e, em sua maioria recebedoras das pensões por morte,
verão o valor do benefício cair quase à metade do que têm direito hoje.
Flavio Arns (Rede-PR) e Zenaide Maia (Pros-RN)
lembraram da situação dos trabalhadores com deficiência, que precisarão cumprir
regras de idade como todos os trabalhadores ditos normais para conseguir se
aposentar.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) anunciou o voto
favorável apesar de seu desconforto com vários pontos.
— Essa reforma não dá prazer a nenhum de nós em
votar, porque são medidas amargas, que vão alcançar o povo brasileiro, seja da
iniciativa privada, seja do setor público. Mas votamos porque a situação fiscal
brasileira lamentavelmente não suporta mais esse modelo atual de Previdência —
disse
Tasso Jereissati frisou que a reforma não atinge
principalmente os mais pobres. Para ele, o ajuste fiscal vai exigir mais
sacrifíciodos estados mais ricos e dos brasileiros com renda mais alta, em
especial os servidores públicos, que serão sete vezes mais atingidos do que um
segurado do Instituto Nacional de Seguridade Social.
— É preciso que a gente tenha muito cuidado ao
falar de pobreza e riqueza sem atentar com muito cuidado e zelo para os números
que estão aí. Nosso propósito foi esse, evitar impacto sobre os mais pobres,
transferindo [o impacto] para os de maior faixa de renda da população —
assegurou o relator.
Fonte: Agência Senado
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